Elevo meus olhos para os montes, de onde me virá o socorro?
(Sl 121.1)
Na cultura de Israel, os montes tinham uma importância muito grande. Eles eram os lugares de vigilância. Neles os guerreiros subiam para enxergar a distância e ver de onde vinham os inimigos. O monte também era lugar de refúgio, pois era comum que os perseguidos se escondessem em lugares de difícil acesso em busca do escape. Além disso, era do alto deles que os combatentes da linha de fundo ficavam esperando o momento certo de descer e dar apoio aos guerreiros que estavam na linha de frente nos combates, que aconteciam nos vales. Assim, quando um grupo estava em desvantagem, sua última chance de vitória era contar com o restante do exército, que desceria dos montes para ajudá-lo.
O salmista, quando afirma que eleva seus olhos para os montes, deixa perceptível uma angústia na frase. Ele não fala que a ajuda necessária está vindo. Ele olha para o alto, observa atentamente todos os lados e percebe que não há ninguém descendo em seu auxílio. Daí o seu flagrante desespero: “Onde está? De onde me virá a ajuda? Cadê vocês?”
Neste momento, ele percebe que está sozinho sem quem possa livrá-lo, que o socorro falhou, que a corda se rompeu, que está vulnerável à mercê dos inimigos. E sua angústia não é diferente daquela que, ultrapassando as fronteiras do tempo, chegou aos dias atuais.
A pessoa cheia de dívidas que está presa nas teias de um agiota, a mãe que vê seu filho mergulhado nas drogas, o jovem que é reprovado novamente no vestibular, o tumor cancerígeno que acaba de ser diagnosticado no corpo outrora saudável, o pai desempregado que já não tem como sustentar a casa, a mulher trabalhadora que precisa deixar os filhos sozinhos em casa...Todos olham para os lados e fazem a mesma pergunta: “De onde me virá o socorro?”
Mas o salmista, quando eleva seus olhos para os montes e procura ajuda, também se lembra de que o simbolismo do monte na cultura de Israel era ainda muito mais forte. Por sua proximidade com o céu, o monte era o lugar mais perto do Criador. Por isso ele sabe que, mesmo que não possa contar com o socorro humano, o seu livramento vem do Senhor que fez o céu e a terra. É exatamente nos momentos em que tudo parece perdido, quando nada mais se pode fazer, que a oração move a mão de Deus em nosso favor.
Ainda hoje é comum que as pessoas subam nos montes buscando um refúgio para oração e adoração. Para o povo de Deus, os montes são símbolos de esperança, libertação, recomeço e fé. A arca de Noé, segundo a tradição, atracou no monte Ararat – a montanha mais alta da Turquia. Era no cume do monte Sinai (ou Horeb) que o Deus Vivo falava com Moisés. E foi no monte do Calvário (ou Gólgota), que ocorreu a crucificação do Senhor Jesus Cristo, em sacrifício por toda a humanidade.
Quando toda a ajuda humana falhar, quando não houver saída, quando a cavalaria não chegar, quando o desespero começar a tomar o terreno, lembre-se de elevar seus olhos para o alto e, como o salmista, acreditar que o socorro virá do Senhor que fez os céus e a terra.
(Iolanda Ribeiro)
SALMOS 121
1 Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro?
2 O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.
3 Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não dormitará.
4 Eis que não dormitará nem dormirá aquele que guarda a Israel.
5 O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua mão direita.
6 De dia o sol não te ferirá, nem a lua de noite.
7 O Senhor te guardará de todo o mal; ele guardará a tua vida.
8 O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.
(Bíblia Sagrada- Versão 2G)